quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

O ESCUTISMO FAFENSE NASCEU EM REVELHE NO ANO DE 1945



Recorte do jornal "O Desforço", 3 de Janeiro 1946


 

Por iniciativa persistente do Padre Manuel Vaz, pároco de Revelhe, em 23 de Dezembro de 1945, foi criada a primeira “Alcateia” do C.N.E. do concelho de Fafe.

Pelas colunas do semanário “O Desforço” de 3 e 24 de Janeiro de 1946, chegou-nos a notícia da génese do escutismo fafense, há precisamente 76 anos.

«Está de parabéns o venerando pároco da freguesia snr. P.e Manuel Vaz que não descansou enquanto não viu representado no deu rebanho o C.N.E.; depois de muitos sacrifícios, canseiras e, porque não dizê-lo, dissabores, viu finalmente realizado o seu sonho de três anos de apostolado.»

Na noite de 22 de Dezembro, após uma “Velada de Armas”, com aigreja paroquial “repleta de fiéis” e a presença do Secretário Nacional do C.N.E., padre Arlindo Ribeiro da Cunha, realizou-se um “Fogo de Conselho”, seguindo-se as “orações da noite”.

Pelas 7,30 horas do dia 23 de Dezembro, na missa matutina, os lobitos e escuteiros presentes receberam a comunhão.

Tomado o pequeno-almoço, na missa das 11 horas, celebrada pelo pároco e Assistente local do Corpo Nacional de Escutas, P.e Manuel Vaz, procedeu-se às Promessas do primeiro grupo de lobitos de Fafe. Casimiro da Cunha, chefe da nova Alcateia, fez também a sua Promessa, perante um templo “a abarrotar de pessoas”, com a presença de escuteiros vindos de Braga e Guimarães.

No final da cerimónia todos os escuteiros presentes desfilaram pelos arredores da igreja paroquial de Revelhe.

A actividade programada para a tarde daquele domingo. 23 de Dezembro, não teve lugar devido ao “mau tempo”.

Ficou assim iniciado o movimento escutista no concelho de Fafe, com a criação da “Alcateia 60” do C.N.E., na freguesia de Santa Eulália de Revelhe.




Padre Manuel Vaz, fundador do Escutismo em Revelhe, Fafe
Foto dos anos 50 do séc. XX, tirada em Moçambique
(Colecção particular)



 

PADRE MANUEL VAZ (1919 – 1996)

Apontamento Biográfico

 

«Filho de Bernardino Vaz e de Maria de Castro, Manuel Vaz nasceu na freguesia de Lobeira, Guimarães, a 4 de Dezembro de 1919.

Frequentou o Seminário e foi ordenado presbítero em 19 de Setembro de 1942, sendo, nesse mesmo ano, colocado nas paróquias de Revelhe e Vinhós, do concelho de Fafe, fazendo o primeiro batismo em 24 de Outubro de 1942, e o último em 29 de Maio de 1949.

Foi fundador do Escutismo Católico (CNE) na paróquia de Revelhe, a primeira do concelho, (23 de Dezembro de 1945).

Para isso, e por se tratar de uma época de pobreza generalizada (estava-se na ressaca da guerra civil de Espanha e em plena II Guerra Mundial), chamou e manteve no salão paroquial durante semanas e a expensas suas um oficial de sapataria que confeccionou calçado para dezenas de adolescentes.

No Acampamento Nacional de 1948 no Bom Jesus do Monte já tomou parte o Agrupamento de Revelhe.


Fonte da imagem:


Encaminhou para o Seminário vários jovens da paróquia que chegaram a totalizar nove.

Em Junho de 1949 partiu para Moçambique, sendo nesse ano nomeado professor do Seminário Menor de Santa Teresinha de Magude, em Lourenço Marques, e em 1950 da Escola de Habilitações de Professores indígenas, a cargo do arcebispado e sita em Alvor, Manhiça.

Superior da Missão de S. Roque de Matutuine, Maputo, de 1955 a 1975, exerceu cumulativamente, o cargo de Superior da Missão de Nossa Senhora das Mercês da Catembe, na ausência dos respectivos missionários. Fundou outras Missões, construiu várias escolas e capelas no mato, dois internatos, uma maternidade e um centro social.

Em 1964 foi nomeado cónego capitular da Sé de Moçambique e, por proposta da Conferência Episcopal, foi eleito para o Conselho Económico e Social de Moçambique para os Interesses Morais e Culturais, e, conjuntamente, Vogal da Acção Social no Trabalho de 1963 a 1974. Nesse ano e até ao regresso a Portugal em Junho de 1975 lecciona Português e História no colégio de D. Dinis, de que era director e proprietário.

Regressado a Portugal, leccionou durante três anos na Vidigueira, Alentejo, passando depois pelas Escolas Secundárias da Veiga e de Vizela, em Guimarães.

Uma vez fixado em Guimarães, foi capelão do Hospital Distrital, Reitor da Igreja de Santo António dos Capuchos e capelão da igreja da Misericórdia e de S. Pedro, do Toural.

Faleceu em 10 de Janeiro de 1996, no Hospital de Nossa Senhora da Oliveira. Presidiu às exéquias o arcebispo de Braga, D. Eurico Dias Nogueira e concelebrou o Bispo de Vila Real, D. Joaquim Gonçalves.

Foi sepultado na sua terra natal.»

 

Retirado de:

Gonçalves, Joaquim e Soares, António Franquelim Neiva, “Párocos de Revelhe e Padres Naturais da Paróquia, D. Fafes, Revista Cultural, n.ºs 17 e 18, Câmara Municipal de Fafe, 2011, pp. 130 e 131.



Notícia do semanário, "O Desforço"


Recorte do jornal "O Desforço", 24 Janeiro 1946

domingo, 19 de dezembro de 2021

domingo, 12 de dezembro de 2021

CONFISSÃO DE PAGAMENTO E ENTREGA DE TERRAS PELO ABBADE DE SANTA EULÁLIA DE REVELHE DOMINGOS GONÇALVES 1394

https://archeevo.amap.pt/details?id=287829


LXVII

1394

«Sabbam todos que eu Domingos Gonçalves abbade de sancto Ovaya de Reuelhe do arcebispado de Bragaa julgado de monte longo conhosco e confesso que recebj de dom Steuom priol do mostejro de Souto de Ribadaue…… em boa paga e entrega de todos os beens e cousas que o dito dom Steuom ouue de dar de receber e demjmjstrar e de procurar da dita minha Eigreja dês tempo que …… della foj abbade ataa este sanhoane bautista que foj desta Era …… conuem a saber des ha era de mille IIIIº centos trinta e huum annos ataa este ano da Era de mill e quatrocentos e trinta e dous anos que ora anda e das …… pessoas …… que aa dita Eigreia fossem obligadas de quaes el recebesse e ouuesse e que o dito priol page todos os encarregos que a dita Eigreia he tiuda de pagar do sobre dito tempo e que os page …… coreenta dias e que o dito abbade page coreenta soldos para …… deste ano a Bragaa e que qualquer que for tehudo a pagar a paga que …… dauer da dita Eigreia do …… que a page e por ende o dou por quite e por ljure el aiades seus …… cousas e nunca o por a dita razom demande nem posa demandar em juiso nem fora del nem outrem por mjm nem por a dita minha Eigreia e posto que o demande outorgo que non valha e pedirom senhos estromentos. feito foj em Reuelhe vjnte e seis dias do mes de Julho Era de mil  e quatrocentos trinta e dous annos. testemunhas Steuom Martins, Joham Gonçalves ffernam uelho de Reuelhe e outros. E eu Gonçale anes taballiom delrej em monte longo que este stromento screuj e aqui meu signal fiz que tal he …»


Transcrição retirada de:

GUIMARÃES,  João  Gomes  de  Oliveira, Documentos  inéditos  dos  séculos  XII-XV. Mosteiro de Souto. Revista de Guimarães, 7 (2) Abr.-Jun. 1890, p. 66 e 67

https://www.csarmento.uminho.pt/site/s/rgmr/item/53606