Por iniciativa persistente do Padre Manuel Vaz, pároco de Revelhe, em 23 de Dezembro de 1945, foi criada a primeira “Alcateia” do C.N.E. do concelho de Fafe.
Pelas colunas do semanário “O Desforço” de 3 e 24 de Janeiro de 1946, chegou-nos a notícia da génese do escutismo fafense, há precisamente 76 anos.
«Está de parabéns o venerando pároco da freguesia snr. P.e Manuel Vaz que não descansou enquanto não viu representado no deu rebanho o C.N.E.; depois de muitos sacrifícios, canseiras e, porque não dizê-lo, dissabores, viu finalmente realizado o seu sonho de três anos de apostolado.»
Na noite de 22 de Dezembro, após uma “Velada de Armas”, com aigreja paroquial “repleta de fiéis” e a presença do Secretário Nacional do C.N.E., padre Arlindo Ribeiro da Cunha, realizou-se um “Fogo de Conselho”, seguindo-se as “orações da noite”.
Pelas 7,30 horas do dia 23 de Dezembro, na missa matutina, os lobitos e escuteiros presentes receberam a comunhão.
Tomado o pequeno-almoço, na missa das 11 horas, celebrada pelo pároco e Assistente local do Corpo Nacional de Escutas, P.e Manuel Vaz, procedeu-se às Promessas do primeiro grupo de lobitos de Fafe. Casimiro da Cunha, chefe da nova Alcateia, fez também a sua Promessa, perante um templo “a abarrotar de pessoas”, com a presença de escuteiros vindos de Braga e Guimarães.
No final da cerimónia todos os escuteiros presentes desfilaram pelos arredores da igreja paroquial de Revelhe.
A actividade programada para a tarde daquele domingo. 23 de Dezembro, não teve lugar devido ao “mau tempo”.
Ficou assim iniciado o movimento escutista no concelho de Fafe, com a criação da “Alcateia 60” do C.N.E., na freguesia de Santa Eulália de Revelhe.
PADRE MANUEL VAZ (1919 – 1996)
Apontamento Biográfico
«Filho de Bernardino Vaz e de Maria de Castro, Manuel Vaz nasceu na freguesia de Lobeira, Guimarães, a 4 de Dezembro de 1919.
Frequentou o Seminário e foi ordenado presbítero em 19 de Setembro de 1942, sendo, nesse mesmo ano, colocado nas paróquias de Revelhe e Vinhós, do concelho de Fafe, fazendo o primeiro batismo em 24 de Outubro de 1942, e o último em 29 de Maio de 1949.
Foi fundador do Escutismo Católico (CNE) na paróquia de Revelhe, a primeira do concelho, (23 de Dezembro de 1945).
Para isso, e por se tratar de uma época de pobreza generalizada (estava-se na ressaca da guerra civil de Espanha e em plena II Guerra Mundial), chamou e manteve no salão paroquial durante semanas e a expensas suas um oficial de sapataria que confeccionou calçado para dezenas de adolescentes.
No Acampamento Nacional de 1948 no Bom Jesus do Monte já tomou parte o Agrupamento de Revelhe.
Encaminhou para o Seminário vários jovens da paróquia que chegaram a totalizar nove.
Em Junho de 1949 partiu para Moçambique, sendo nesse ano nomeado professor do Seminário Menor de Santa Teresinha de Magude, em Lourenço Marques, e em 1950 da Escola de Habilitações de Professores indígenas, a cargo do arcebispado e sita em Alvor, Manhiça.
Superior da Missão de S. Roque de Matutuine, Maputo, de 1955 a 1975, exerceu cumulativamente, o cargo de Superior da Missão de Nossa Senhora das Mercês da Catembe, na ausência dos respectivos missionários. Fundou outras Missões, construiu várias escolas e capelas no mato, dois internatos, uma maternidade e um centro social.
Em 1964 foi nomeado cónego capitular da Sé de Moçambique e, por proposta da Conferência Episcopal, foi eleito para o Conselho Económico e Social de Moçambique para os Interesses Morais e Culturais, e, conjuntamente, Vogal da Acção Social no Trabalho de 1963 a 1974. Nesse ano e até ao regresso a Portugal em Junho de 1975 lecciona Português e História no colégio de D. Dinis, de que era director e proprietário.
Regressado a Portugal, leccionou durante três anos na Vidigueira, Alentejo, passando depois pelas Escolas Secundárias da Veiga e de Vizela, em Guimarães.
Uma vez fixado em Guimarães, foi capelão do Hospital Distrital, Reitor da Igreja de Santo António dos Capuchos e capelão da igreja da Misericórdia e de S. Pedro, do Toural.
Faleceu em 10 de Janeiro de 1996, no Hospital de Nossa Senhora da Oliveira. Presidiu às exéquias o arcebispo de Braga, D. Eurico Dias Nogueira e concelebrou o Bispo de Vila Real, D. Joaquim Gonçalves.
Foi sepultado na sua terra natal.»
Retirado de:
Gonçalves, Joaquim e Soares, António Franquelim Neiva, “Párocos de Revelhe e Padres Naturais da Paróquia, D. Fafes, Revista Cultural, n.ºs 17 e 18, Câmara Municipal de Fafe, 2011, pp. 130 e 131.
Notícia do semanário, "O Desforço"